A educação como ponte para transformarmos lixos em resíduos

*Por Robson Esteves

Para onde vai o seu descarte? Essa deveria ser uma pergunta comum entre nós, consumidores, que frequentemente incorporamos o descarte à rotina, seja de embalagens, resíduos orgânicos ou eletrônicos. A questão se torna ainda mais crítica quando falamos em eletroeletrônicos e eletrodomésticos que perderam sua utilidade.

Nesse ponto, entra a diferença essencial entre lixo e resíduo: o conhecimento. Enquanto o lixo é tratado como algo sem valor, o resíduo pode ser reaproveitado, reciclado e reintegrado à cadeia produtiva. E quem define esse destino é a nossa capacidade de saber o que fazer com ele.

Em 2023, o Brasil gerou aproximadamente 81 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais cerca de 41% foram destinados de forma inadequada, como lixões e aterros irregulares, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).

Especificamente no caso dos eletroeletrônicos, a taxa de descarte correto ainda é preocupantemente baixa. Segundo o Global E-waste Monitor 2024, da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas cerca de 3% desses resíduos são descartados de forma adequada no Brasil. O relatório também aponta que, globalmente, menos de um quarto dos resíduos eletrônicos gerados é reciclado. A maioria acaba em lixões, aterros ou, pior ainda, em rios e mares.

Neste cenário, a educação surge como uma ferramenta estratégica. Desde os primeiros anos escolares, quando se ensina a separar materiais e entender a importância da coleta seletiva, até ações de conscientização para adultos, a educação ambiental tem o poder de transformar hábitos. Mais do que instruir a reciclar, ela promove uma mudança de percepção: onde antes havia lixo, passa a haver valor. Trata-se de uma reeducação do olhar social.

Além disso, o conhecimento impulsiona inovação. A partir dele, surgem tecnologias para reaproveitamento de materiais, modelos de negócios sustentáveis e políticas públicas mais eficazes. A economia circular, que visa manter os recursos em uso pelo maior tempo possível, é uma das mais promissoras abordagens para mitigar a crise dos resíduos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que a economia circular possa gerar até US$ 4,5 trilhões em benefícios até 2030, com impactos positivos em geração de empregos, renda e sustentabilidade.

Há ainda um papel fundamental da educação na geração de empregos verdes. Profissionais capacitados para atuar com reciclagem, logística reversa, recondicionamento e design circular estão cada vez mais valorizados. Disseminar conhecimentos sobre resíduos é também preparar as novas gerações para uma economia de futuro.

Na minha perspectiva, ao pensarmos em soluções, é preciso começar pelo básico: ensinar para transformar. Entre as gerações, é necessário mostrar valor onde antes só se via descarte, muitas vezes inadequado. Só assim deixaremos de gerar lixo e passaremos a gerar possibilidades. A mudança começa no conhecimento e se consolida em ação.

 *Robson Esteves – Presidente da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.    

 Sobre a ABREE: 

Fundada em 2011, a ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos – é uma entidade gestora sem fins lucrativos, que define e organiza o gerenciamento da implementação do sistema coletivo de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, promovendo economia de grande escala. Com 52 associados que representam 173 marcas, a ABREE é responsável pelo gerenciamento através da contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, além de contribuir com informações para todos os envolvidos da cadeia, responsáveis pela viabilização da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país. Para mais informações, acesse http://abree.org.br/

 

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abree@singcomunica.com.br

10/07/2025


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