A economia global está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. No Bloomberg Línea Summit 2025, realizado em São Paulo, ficou claro para mim que a tecnologia não é mais apenas uma ferramenta de eficiência, é o novo idioma dos negócios. E, nesse novo contexto, comunicar bem se tornou tão estratégico quanto inovar.
Representando a Sing Comunicação, acompanhei uma manhã intensa de discussões que mostraram como a inteligência artificial, a responsabilidade empresarial e a clareza de propósito estão redesenhando as relações entre mercado, marcas e sociedade. O evento reuniu executivos de grandes companhias, incluindo clientes da agência, além de personalidades que revelaram no palco diferentes perspectivas sobre como o país e as empresas estão se preparando para 2026.
No painel sobre investimentos, líderes do Itaú, BlackRock e Patria Investimentos destacaram que, apesar de casos recentes de estresse no crédito corporativo, o mercado permanece sólido e confiante. Mais do que resiliência financeira, o que se viu foi um discurso de amadurecimento, compreensão de que é preciso estruturar produtos, alinhar riscos e comunicar de forma transparente para sustentar a confiança do investidor. É o mesmo movimento que se observa em empresas de outros setores: um esforço por traduzir complexidade em clareza.
A comunicação, nesse cenário, é um elo de confiança. Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, sintetizou essa ideia ao defender o protagonismo do setor privado na agenda de desenvolvimento do país e nas discussões climáticas que antecedem a COP30. Ao apresentar propostas práticas que conciliam produção de alimentos e captura de carbono, Tomazoni mostrou que propósito e narrativa caminham juntos e é preciso fazer, mas também contar o que se faz de forma genuína. A sustentabilidade, mais do que um valor, tornou-se uma linguagem corporativa.
Essa mesma lógica se aplica à inovação tecnológica. Diego Barreto, CEO do iFood, revelou que a inteligência artificial já responde por até 45% do Ebitda da companhia, um número que simboliza ganho de produtividade, mas também uma transformação cultural. A empresa desenvolveu uma plataforma que permite que qualquer colaborador crie agentes de IA mesmo sem saber programar e estabeleceu a meta de que cada funcionário produza ao menos um agente até março de 2026. A tecnologia, portanto, deixou de ser um projeto isolado para se tornar parte da identidade da organização. É o exemplo de uma comunicação interna viva, na qual a inovação se traduz em comportamento e propósito compartilhado.
Mas enquanto alguns setores avançam, outros ainda hesitam. Solange Srour, economista do UBS Global Wealth Management, alertou para a falta de senso de urgência nas agendas fiscal e digital brasileiras. Para ela, o país ainda está atrasado na discussão sobre o impacto da inteligência artificial no emprego e na produtividade, um desafio que também é comunicacional. Afinal, falar de tecnologia sem preparar pessoas é criar um diálogo pela metade.
O que o Summit deixou claro é que tecnologia e comunicação caminham juntas. A primeira dá velocidade e a segunda dá a direção. Sem comunicação, a inovação é muda. Sem inovação, a comunicação é vazia. No encontro entre essas duas forças está o futuro das empresas, um futuro em que propósito, dados e narrativa formam o tripé da confiança.
Na Sing Comunicação, acreditamos que traduzir tecnologia em sentido humano é o papel essencial da comunicação moderna. Porque, em última instância, é ela que dá voz ao futuro.
*Por Isadora Fernandes
28/10/2025
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