Este mês estive presente no Rio Innovation Week 2025, uma das maiores conferências de tecnologia e inovação da América Latina. Em meio a correria típica de evento – palestras, entrevistas e a missão de me manter atenta às oportunidades – tive o privilégio de estar na hora certa, no lugar certo. Uma brecha na agenda me permitiu assistir ao painel “Inovadores por Natureza”, mediado pela jornalista Kenya Sade, com a participação de dois ícones da música brasileira: Arnaldo Antunes e Ney Matogrosso.
Desse encontro tão autêntico, uma das falas que mais me chamou a atenção foi a de Arnaldo. O cantor afirmou que a Inteligência Artificial (IA) repete a partir de padrões de informações que estão na internet, mas a tecnologia em si não tem a capacidade de criar o novo. A inovação é uma condição do ser humano. Em complemento, Ney deixou claro a sua resistência a certas plataformas tecnológicas, principalmente após ter que lidar com mentiras sobre a sua vida sendo contadas e espalhadas no digital. Onde termina o humano e começa a tecnologia? Onde a tecnologia precisa parar para, de fato, potencializar o humano?
Com a popularização do uso da IA em áreas criativas, como música, publicidade e jornalismo, esse limite entre o humano e o tecnológico tem se tornado cada vez mais sutil. Se, por um lado, a inovação pode acelerar processos e gerar resultados surpreendentes, por outro, ela pode nos fazer perder a autenticidade. Inovar vai além de uma combinação de dados. É sobre visão de mundo, repertório e personalidade. É justamente essa singularidade que mantém o motor da criatividade em pleno funcionamento.
Acredito que a Inteligência Artificial é, sim, uma ferramenta potente e que pode ser utilizada para facilitar o dia a dia, mas não substitui o ser humano. Os recursos tecnológicos têm o poder de ampliar a nossa criatividade em vez de miná-la, desde que utilizados de forma consciente. O desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio entre se abrir para o novo e preservar a essência. No final das contas, inovar é, acima de tudo, ser quem se é.
Mayra Ribeiro
27/08/2025
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