Cultura de Doação no Brasil: o papel das ONGs na redução das desigualdades sociais

*Por Alecsandro A. de Souza


O Brasil é um país de contrastes profundos. Enquanto alguns setores avançam em tecnologia, educação e desenvolvimento econômico, milhões de brasileiros ainda vivem em situação de vulnerabilidade social. Nesse cenário, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) exercem um papel essencial na promoção da inclusão, na ampliação de oportunidades e na redução das desigualdades.

A cultura de doação é um dos pilares que sustentam essa atuação. Mais do que um gesto de generosidade, doar é um ato de cidadania. É investir em causas transformadoras que impactam positivamente indivíduos, famílias e comunidades inteiras. Contudo, apesar dos avanços, o Brasil ainda apresenta desafios significativos nesse campo. Segundo o World Giving Index, ocupamos a 86ª posição no ranking global de solidariedade. Ainda há uma percepção limitada sobre o potencial da doação contínua, muitas vezes restrita a respostas emergenciais ou a momentos de crise.

Para que as ONGs possam planejar e executar projetos com consistência e impacto duradouro, é fundamental que contem com recursos previsíveis e fontes diversificadas de financiamento. A dependência exclusiva de doações pontuais ou de editais públicos reduz a capacidade de ação no médio e longo prazo. Nesse contexto, ganham relevância de estratégias sustentáveis de captação de recursos, como os fundos patrimoniais (endowments) e o engajamento recorrente de pessoas físicas e jurídicas.

Um exemplo inspirador é o da Afesu, organização que oferece educação e qualificação profissional gratuita para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. A entidade alia projetos educacionais a mentorias e acompanhamento profissional, assegurando a transparência de suas ações por meio de auditorias externas e da gestão de um conselho de endowment. Esse fundo patrimonial é administrado de forma estratégica, com foco na sustentabilidade das iniciativas ao longo do tempo.

Como membro do conselho de endowment da Afesu e especialista em Relações Governamentais e Institucionais, acredito que a confiança é o alicerce da relação entre organizações e doadores. Quando uma pessoa percebe que sua contribuição é tratada com seriedade, planejamento e transparência, ela compreende que não está apenas ajudando no presente, está investindo no futuro. O endowment, nesse sentido, transforma doações pontuais em um legado permanente.

A confiança é construída por meio de práticas sólidas de governança, como a prestação de contas clara, a comunicação aberta com doadores e beneficiárias, a publicação de relatórios anuais e a realização de auditorias externas. Mas vai além dos números: contar histórias reais das pessoas impactadas é fundamental para humanizar os resultados, dar a sua real dimensão e, também, sensibilizar novos apoiadores.

Fortalecer a cultura de doação no Brasil exige, sobretudo, um diálogo contínuo sobre o papel de cada cidadão e empresa na construção de uma sociedade mais justa. Doar não deve ser um gesto eventual, mas um compromisso contínuo com o país que queremos construir. Isso inclui contribuições financeiras, tempo voluntário, conhecimento técnico ou influência em redes de apoio.

As ONGs, por sua vez, têm o desafio permanente de inovar em suas estratégias de captação, diversificar suas fontes de financiamento e manter padrões elevados de transparência e eficiência. A gestão responsável dos recursos é o que garante que cada real doado se transforme, de fato, em impacto positivo.

Em um país profundamente desigual como o nosso, doar é um ato de cidadania, empatia e esperança. E é na soma de milhares de gestos individuais e coletivos que conseguiremos construir um futuro mais inclusivo, solidário e com oportunidades reais para todos.

*Alecsandro A. de Souza é membro do Conselho de Endowment da Afesu, ONG dedicada à educação e à qualificação profissional gratuitas para meninas e mulheres. Especialista em Relações Governamentais e Institucionais, possui ampla experiência em gestão de recursos e em estratégias de sustentabilidade para o terceiro setor. Atua na promoção da cultura de doação como ferramenta de transformação social e acredita no poder da transparência e da confiança para construir um futuro mais justo e inclusivo.

Sobre a Afesu

Fundada em 1963, a Afesu (Associação Feminina de Estudos Sociais e Universitários) é uma organização sem fins lucrativos que promove a inclusão social de meninas e mulheres por meio da educação. Com cursos 100% gratuitos, voltados para beneficiárias de 7 a 25 anos, a instituição oferece formação integral, apoio escolar, qualificação profissional e desenvolvimento socioemocional. Com unidades em regiões vulneráveis nas cidades de São Paulo — Jardim Taboão, Vila Missionária e Cotia —, a instituição já atendeu mais de 15 mil beneficiárias, impactando direta e indiretamente cerca de 60 mil pessoas.

A Afesu mantém uma sólida rede de parcerias com mais de 50 empresas e instituições — como WEG, Porto, Craft, Schneider Electric, Instituto Ambikira — que colaboram para a formação humana e iniciação profissional das beneficiárias. A organização também já recebeu diversos reconhecimentos por seu impacto social e por sua contribuição à educação de qualidade e equitativa no Brasil.

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25/08/2025


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