As constantes mudanças nos padrões de consumo globais têm apresentado desafios tanto para o mercado quanto para os consumidores. Esse novo modo de comprar impacta especialmente os idosos, que enfrentam a necessidade de se familiarizar com diversas tecnologias para adquirir produtos e serviços, resultado da transformação digital.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), as pessoas com 65 anos ou mais no país representavam 10,5%, do total em 2022. Além disso, o estudo revelou que, em dez anos, houve um aumento da proporção dos idosos no total da população porque, em 2012, o percentual era de 7,7%.
Embora esse envelhecimento da população traga para as empresas alguns obstáculos para alcançar esse público, os idosos estão cada vez mais adeptos às novas ferramentas de consumo, disponibilizada graças ao mundo virtual.
A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a AGP Pesquisas, divulgou em 2023 um estudo que mostra exatamente aspectos relacionados aos hábitos de compra da população acima de 60 anos, principalmente na comparação entre lojas físicas e online. A pesquisa utilizou o método quantitativo, com 500 entrevistas feitas de forma online, no período de 12 dias.
Segundo a pesquisa, 81% dos entrevistados já fazem compras pela internet e para 56% deles, as vantagens que mais chamam a atenção para esse canal de compra é justamente a facilidade de encontrar o produto que procura. Além disso, 67% dos consumidores 60+ afirmam que a flexibilidade no horário também influencia na hora de comprar online. O preço (71%) é o principal fator de compras online para o consumidor 60+, seguido por clareza dos sites (53%) e segurança (50%) do e-commerce.
Para fazer as aquisições no ambiente digital, o uso de smartphones teve um aumento de 24% em 2017 para 79% em 2023. 68% desses consumidores que utilizam o aparelho para realizar suas compras, representam a população com mais de 80 anos.
Entre os produtos e serviços comprados online citados na pesquisa, estão: serviços de transporte (81%), roupas, calçados e acessórios (68%), medicamentos (63%), produtos estéticos/ bem-estar (55%) e lazer (50%). 43% dos consumidores 60+ comprou online e foi retirar no ponto de coleta.
Em contrapartida, os consumidores 60+ que não compram online, consideram “Touch and feel” o principal impedimento (55%). Além disso, 52% citaram que não se sentem seguros em informar dados bancários online; seguido por 35% não saberem quais sites são confiáveis. Na loja física, os entrevistados, destacam que “Qualidade e atenção do atendimento” (84%), “Preços dos produtos” (82%) e “Facilidade de acesso a loja” (73%), são os pontos que mais os influenciam a continuar com os hábitos ir até o local para fazer a compra.
Mais um dado interessante do estudo é que o consumidor 60+ é responsável pelo controle das finanças e decisões de compra, ou seja, são autossuficientes, representando 83% dos entrevistados.
As compras online são uma presença marcante no dia a dia dessa faixa etária, e os negócios online voltados para os idosos devem considerar a usabilidade dos sites e a natural preocupação com a segurança das informações. Além disso, é crucial investir na experiência de compra, o que implica treinar os funcionários para atender a esse público exigente.
Com estimativas tão atraentes para os negócios, vale as empresas, aqui, em especial as que falam diretamente com o consumidor, estarem atentas às necessidades dos 60+ e pensarem em campanhas que atinjam esse público. Vale ressaltar que pegar carona apenas não é algo visto com bons olhos pelos consumidores, o que vale mesmo é investir a longo prazo e tê-los por perto sempre, com produtos, comunicação e campanhas pensados especialmente para suas necessidades.
Jennifer Oliveira
Sing Comunicação
