* por Hélcio Lenz
Picos sazonais não são novidade para os líderes da cadeia de suprimentos. Muitos aprenderam a navegá-los de forma eficaz – mas o desafio permanece: como aumentar a capacidade rapidamente, sem investir em excesso de capacidade custosa que fica ociosa a maior parte do ano. A chave está na flexibilidade estrutural: a capacidade de integrar e gerenciar rapidamente funcionários adicionais, veículos e robôs – enquanto otimiza as operações de cumprimento e maximiza os níveis de serviço para os clientes em todos os canais. Isso significa superar não apenas limitações tecnológicas, mas também barreiras linguísticas e operacionais.
Mais pedidos, mais canais de vendas, mais mercadorias, mais pessoas, mais máquinas: eventos como Black Friday e Cyber Monday continuam a desafiar os limites da agilidade em armazéns e redes. E como todo especialista em logística sabe: após o pico de saída vem o pico de retorno, trazendo uma segunda onda de pressão nos processos. Empresas que desejam manter a agilidade precisam ser capazes de alternar de forma fluida entre operações de saída e devolução – muitas vezes em múltiplos canais.
Um projeto recente da Infios mostra como isso pode ser feito. Ao reestruturar o processo de devolução e integrar robôs móveis autônomos (AMRs) para mover os produtos devolvidos diretamente para o estoque, o cliente aumentou significativamente a agilidade e o estoque que conseguiu disponibilizar para atender pedidos vindos de diferentes canais. Mas voltando ao outbound: apesar do aumento da automação, muitas empresas ainda precisam de mais que dobrar sua força de trabalho manual durante as temporadas altas.
Planejando para a demanda máxima – a maneira inteligente
Esse aumento geralmente depende de funcionários temporários que não estão familiarizados com processos específicos do armazém. Para tornar a mão de obra temporária realmente eficaz, os armazéns precisam ter mais do que apenas o tamanho físico adequado. Os fluxos de trabalho precisam ser intuitivos, apoiados por sistemas inteligentes e adaptáveis que minimizem o tempo de treinamento, maximizem a produtividade operacional e reduzam as taxas de erro.
O Sistema de Gerenciamento de Armazém (WMS) é um componente fundamental e crítico para alcançar isso, enquanto as capacidades modulares dentro dos WMS mais avançados permitem que as equipes ativem apenas as capacidades de que precisam – quando precisam. Seja para atender à demanda da alta temporada, escalar para avançar a automação ou orquestrar o cumprimento de pedidos em novos canais, uma abordagem modular acelera a implementação, simplifica as atualizações e evolui em sintonia com as demandas do negócio. Quando esse WMS é complementado por insights em tempo real e orquestração alimentada por IA, ele pode capacitar as equipes a gerenciar os períodos de pico de forma ainda mais eficaz. Com planejamento de cenários e simulações baseados em IA, os líderes podem testar decisões antes que sejam executadas. Seja ajustando cronogramas de trabalho, reconfigurando zonas de armazenamento ou respondendo a picos de demanda, esses sistemas podem modelar resultados em tempo real, identificando riscos, concessões e caminhos ideais para seguir à frente.
Tecnologias que trabalham em conjunto com o WMS também são críticas. Sistemas "pick-by-light", por exemplo, usam uma linguagem visual universal que reduz a dependência de instruções verbais. Outros sistemas assistidos por WMS, como voice picking, impulsionam melhorias na produtividade e na precisão, especialmente aqueles que oferecem comutação rápida multilíngue para superar barreiras linguísticas. À medida que a demanda por flexibilidade e velocidade aumenta, também aumenta a necessidade de sistemas simples, robustos e multilíngues.
A implantação de estações de trabalho extras também depende de pré-requisitos estruturais. Estações temporárias devem ser integradas de forma suave aos fluxos de trabalho existentes, o que significa que a infraestrutura do armazém – e a arquitetura do Gerenciamento de Armazém (WMS) e dos Sistemas de Controle de Armazém (WCS) – devem ser projetadas com escalabilidade, rapidez e precisão no cumprimento do armazém em mente.
Até mesmo robótica autônoma precisa de estrutura
A automação fixa convencional pode se tornar um gargalo quando sistemas precisam de ajustes rápidos. AMRs, Veículos Guiados Automatizados (AGVs) e sistemas de shuttle oferecem alternativas mais dinâmicas – e muitas vezes podem ser rapidamente ampliados para atender à demanda. Nos modelos de Robótica como Serviço (RaaS), esse tipo de flexibilidade está até incorporado ao modelo de negócios. Os dispositivos são alugados conforme necessário, melhorando a flexibilidade financeira ao transferir custos para Despesas Operacionais e preservar o capital.
No entanto, a robótica autônoma não é uma solução plug-and-play. Ainda é necessária prontidão estrutural – espaço suficiente, condições do piso e, acima de tudo, um sistema de controle capaz de integração flexível. Os AMRs de mercadoria para pessoa, por exemplo, requerem não apenas espaço físico, mas também uma camada lógica flexível que pode se adaptar a parâmetros de processo em constante mudança. Em sistemas de shuttle, a capacidade geralmente é aumentada ao implantar mais ônibus em suportes sobredimensionados – mas isso normalmente visa ao crescimento de longo prazo, não escalabilidade de curto prazo após um pico.
Melhor utilização de capacidade e orquestração de ordens em toda a rede
No nível da rede, a integração de locais de fulfillment adicionais em uma infraestrutura padronizada de armazém oferece outra alavanca eficaz. Adicionar armazéns menores para aumentar a capacidade total só funciona se o sistema como um todo puder ser gerenciado centralmente.
Os clientes da Infios já tiveram sucesso aqui. Microcentros de atendimento com interfaces padronizadas e procedimentos operacionais podem ser implantados e ativados em poucas semanas, fornecendo a capacidade muito necessária com tempo mínimo de entrega.
O controle eficaz da rede é fundamental – especialmente para uma operação de fulfillment omnichannel gerenciando pedidos na alta temporada em múltiplos locais de distribuição. É aí que entram os Sistemas de Gerenciamento de Pedidos (OMS). Para marcas que buscam captar uma onda de oportunidades – seja na Black Friday ou na Cyber Monday – um OMS inteligente, baseado em IA e modular, não apenas conecta a cadeia de suprimentos de uma organização aos clientes, mas também permite que ela se adapte e escale em tempo real, enquanto determinam o nó ideal para a realização dos pedidos ao considerar capacidade, níveis de estoque, capacidades do local e lucratividade. Enquanto um OMS vem com IA para inteligência preditiva, ele também dá aos tomadores de decisão da cadeia de suprimentos a visão para agir antes que as interrupções ocorram. Essas capacidades analisam padrões em dados históricos e em tempo real, ajudando a antecipar riscos, sinalizar anomalias e recomendar as próximas melhores ações – para que as equipes possam evitar atrasos, reequilibrar estoques e se manter à frente da demanda.
Conclusão
Picos sazonais continuam sendo um desafio logístico – mas, com a estratégia certa, as organizações podem gerenciá-los de forma eficiente enquanto aproveitam a oportunidade de receita. Os principais facilitadores incluem um WMS avançado, a implantação temporária de mão de obra adicional, o uso flexível de AMRs e orquestração eficaz de ordens em toda a rede com um OMS inteligente. A prontidão estrutural e do sistema é essencial, assim como a capacidade de responder rapidamente às demandas em mudança. Resumindo: flexibilidade operacional e tecnológica não é mais um item agradável – é uma necessidade competitiva.
* Helcio Lenz, Managing Director da Infios na América Latina
Sobre a Infios
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27/11/2025
